quinta-feira, 6 de outubro de 2011

VÍDEO SOBRE O VALE-CULTURA

Texto "Só há notícia se for ruim", de Carlos Brickmann, com as vozes destacadas em cores

       Elio Gaspari costuma dizer que, nas redações, a notícia chega devagarzinho, abre a porta de leve, põe a cabeça para dentro e entra correndo para esconder-se.Se alguém a notar, será imediatamente chutada para fora.
     E, se a notícia for boa, suas chances de sobrevivência são ainda menores. Notícia que o pessoal gosta é corrupção, é escândalo, é miséria, é tudo aquilo que deu errado.Nas ocasiões em que o Brasil dá certo, aí não é notícia( e não vale nem a regra de que boa notícia é o inusitado). Lugar de notícia boa é a cesta do lixo.
    Jundiaí, no interior de São Paulo, atingiu 100% no fornecimento de água tratada e chegou muito perto disso no tratamento de esgotos ( só não atingiu 100% por um problema  judicial). Notícias? Só nos jornais da região, e olhe lá.A capital de São Paulo, onde o programa de água e esgotos caminha bem mais ainda está longe da universalização, ignorou o tema.O Brasil, onde água tratada e esgoto são coisas de gente rica, preferiu investigar se tem ministro comendo tapioca com cartão corporativo(tema que até vale investigação, mas não pode substituir outros assuntos de importância, que se referem à vida e à morte dos cidadãos).
     São Caetano do Sul. Na Grande São Paulo, é um exemplo ainda mais claro de que as boas notícias são desprezadas pelos meios de comunicação.De acordo com os número da respeitadíssima Fundação Seade, o índice de mortalidade infantil de São Caetano é o menor do país; equipara-se aos da Bélgica e do Japão, quatro mortes por mil nascimentos.É índice que ocorre no Primeiro Mundo.
     A derrubada dos índices de mortalidade infantil não ocorre, em lugar nenhum, apenas pela boa atenção à saúde: exige tempo, trabalho coordenado, que envolve planejamento, engenharia( tratamento de esgotos e água), meio ambiente(plantio de árvores, limpeza de rios e córregos), coleta de lixo, de preferência seletiva, assistência social (há em São Caetano um programa tipo bolsa-família, mais completo que o federal, mantido com recursos municipais), aleitamento materno, cuidados com as gestantes, educação em sentido amplo, higiena, empregos. E envolve, o que é raro, continuidade administrativa: não é porque um prefeito é adversário do antecessor que deve abandonar seus planos.O atual prefeito, José Auricchio, reeleito com 70% dos votos, tem na oposição boa parte do grupo político de seu antecessor. E daí? Neste processo todo, a cidade de 150 mil habitantes atingiu o maio Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país. E, fora da região do Grande ABC, o fato foi olimpicamente ignorado pelos meios de comunicação.
     Dizem que  Ribeirão Preto vai muito bem na área social(mas como encontrar dados, se não há reportagens?). E, o que aparece às vezes na TV (mas rarissimamente na imprensa escrita), a cidade se transforma em área de tecnologia de ponta no uso do raio laser em auxílio a transplantes. Há belas experiência de sustentabilidade ambiental no Rio Grande do Sul, há o hospital de referência no tratamento de câncer de Barretos, há as experiências em Campinas da Unicamp em energia alternativa e cirurgia para diabetes, há excelentes pesquisas em Campina Grande, na Paraíba, há um belo trabalho da Embrapa e da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz, há a agricultura irrigada de ótima qualidade no semiarido nordestino.E quem sabe, por ter sido informado pelos meios de comunicação, que as hélices dos geradores de vento da Europa são, em grande parte, fabricadas no Brasil?
     Vale matéria? De vez  em quando, a TV mostra, em horários alternativos, em programas especializados, alguns as, alguns aspectos dessas experiências positivas.De muita coisa este colunista tomou conhecimento ao integrar o júri do último Prêmio Esso de Jornalismo, com belíssimas matérias nos jornais da região sobre os bons fatos que também ocorrem.
      Vale matéria? Deveria valer. Mas, além da volúpia por más notícias, há um problema extra, que assusta pauteiros e repórteres: o medo da patrulha.Fazer matéria a favor pode dar a impressão de que há alguma coisa esquisita além da reportagem.Mas é preciso vencer também este preconceito- ou ficaremos restritos ao noticiário policial fingindo que é cobertura política.

      Artigo de opinião retirado do material da Olimpíada de Língua Portuguesa.
    

Texto produzido a partir da questão polêmica: A política de cotas é uma boa resposta às desigualdades sociais relacionadas às minorias étnicas?

      Sabemos que há nas universidades cotas raciais, vagas reservadas nos vestibulares para estudantes afrodescendentes.(D) O problema é definir quem é negro e quem é branco, devido a  miscigenação de raças no Brasil.(J) Portanto o que ocorre muitas vezes é que um vestibulando é reprovado, mesmo com a pontuação suficiente na prova, se ele não se enquadrar no perfil de um afrodescendente.(C) 

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Artigo de opinião contestando o artigo "O que é essencial para todos?" de Gustavo Barreto

Vale cultura: projeto ineficiente

      Em um artigo recente publicado no site Fazendo Média, Gustavo Barreto defende o Vale-Cultura. Entretanto as famílias beneficiadas pelo Vale-Cultura não têm muitas vezes o básico para uma boa alimentação, saúde e lazer, não valorizando portanto tal investimento.
      Embora muitas pessoas acreditem que a cultura seja capaz de melhorar a condição social do indivíduo, isso só será possível se as necessidades básicas forem supridas. Geralmente a maioria das famílias que teriam o direito ao benefício têm baixa escolaridade e não valorizam a cultura. Dessa forma somente uma boa orientação ajudaria na conscientização dessas pessoas.
      Uma outra questão está relacionada aos "negócios da cultura": quem lucraria mais com o Vale-Cultura? As famílias de baixa renda ou as empresas? Lamentavelmente não há uma política séria de investimento em bens culturais de boa qualidade, mas sim priorizar interesses próprios de algumas empresas.
      Isso pode ser exemplificado com a atual política educacional, livros enviados às escolas sem nenhuma orientação e organização, simplesmente entregues aos alunos como material cultural para serem lidos em casa. No entanto sem o conhecimento nem tiveram a oportunidade de orientar e desenvolver um bom trabalho com os mesmos.
      Portanto está claro que um bom projeto cultural só será eficaz se houver uma política pública educacional eficiente na área da saúde, transporte e moradia dignos. 

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Avaliação dos dois primeiros encontros

         Os encontros do curso Gênero textual em foco __ Artigo de Opinião foram excelentes momentos de análise de textos opinativos  e de troca de experiências entre os docentes.
         Consideramos a sequência didática  um método eficiente para ensinar o gênero Artigo de Opinião, pois são oferecidas etapas mostrando passo a passo para elaboração dos textos.
         O curso atende as nossas expectativas, à medida que contribui para aprimorar o trabalho docente em sala de aula.

Artigo: Corrupção cultural ou organizada?

Artigo retirado do material "Olimpíadas de Língua Portuguesa"

Corrupção cultural ou organizada?

                                                  RENATO JANINE RIBEIRO     

      Precisamos evitar que a necessária indignação com as microcorrupções "culturais" nos leve a ignorar a grande corrupção         

      Ficamos muito atentos, nos últimos anos, a um tipo de corrupção que é muito frequente em nossa sociedade: o pequeno ato, que muitos praticam, de pedir um favor, corromper um guarda ou, mesmo, violar a lei e o bem comum para obter uma vantagem pessoal. Foi e é importante prestar atenção a essa responsabilidade que temos, quase todos, pela corrupção política -por sinal, praticada por gente eleita por nós.        
      Esclareço que, por corrupção, não entendo sua definição legal, mas ética. Corrupção é o que existe de mais antirrepublicano, isto é, mais contrário ao bem comum e à coisa pública. Por isso, pertence à mesma família que trafegar pelo acostamento, furar a fila, passar na frente dos outros. Às vezes é proibida por lei, outras, não.        
      Mas, aqui, o que conta é seu lado ético, não legal. Deputados brasileiros e britânicos fizeram despesas legais, mas não éticas. É desse universo que trato. O problema é que a corrupção "cultural", pequena, disseminada -que mencionei acima- não é a única que existe. Aliás, sua existência nos poderes públicos tem sido devassada por inúmeras iniciativas da sociedade, do Ministério Público, da Controladoria Geral da União (órgão do Executivo) e do Tribunal de Contas da União (que serve ao Legislativo)   .
       Chamei-a de "corrupção cultural" pois expressa uma cultura forte em nosso país, que é a busca do privilégio pessoal somada a uma relação com o outro permeada pelo favor. É, sim, antirrepublicana. Dissolve ou impede a criação de laços importantes. Mas não faz sistema, não faz estrutura  
      Porque há outra corrupção que, essa, sim, organiza-se sob a forma de complô para pilhar os cofres públicos -- e mal deixa rastros. A corrupção "cultural" é visível para qualquer um. Suas pegadas são evidentes. Bastou colocar as contas do governo na internet para saltarem aos olhos vários gastos indevidos, os quais a mídia apontou no ano passado.         
      Mas nem a tapioca de R$ 8 de um ministro nem o apartamento de um reitor -- gastos não republicanos -- montam um complô. Não fazem parte de um sistema que vise a desviar vultosas somas dos cofres públicos. Quem desvia essas grandes somas não aparece, a não ser depois de investigações demoradas, que requerem talentos bem aprimorados -da polícia, de auditores de crimes financeiros ou mesmo de jornalistas muito especializados.
      O problema é que, ao darmos tanta atenção ao que é fácil de enxergar (a corrupção "cultural"), acabamos esquecendo a enorme dimensão da corrupção estrutural, estruturada ou, como eu a chamaria, organizada.      
      Ora, podemos ter certeza de uma coisa: um grande corrupto não usa cartão corporativo nem gasta dinheiro da Câmara com a faxineira. Para que vai se expor com migalhas? Ele ataca somas enormes. E só pode ser pego com dificuldade.        
      Se lembrarmos que Al Capone acabou na cadeia por ter fraudado o Imposto de Renda, crime bem menor do que as chacinas que promoveu, é de imaginar que um megacorrupto tome cuidado com suas contas, com os detalhes que possam levá-lo à cadeia -- e trate de esconder bem os caminhos que levam a seus negócios.    
      Penso que devemos combater os dois tipos de corrupção. A corrupção enquanto cultura nos desmoraliza como povo. Ela nos torna "blasé". Faz-nos perder o empenho em cultivar valores éticos. Porque a república é o regime por excelência da ética na política: aquele que educa as pessoas para que prefiram o bem geral à vantagem individual. Daí a importância dos exemplos, altamente pedagógicos.          
      Valorizar o laço social exige o fim da corrupção cultural, e isso só se consegue pela educação. Temos de fazer que as novas gerações sintam pela corrupção a mesma ojeriza que uma formação ética nos faz sentir pelo crime em geral.        
      Mas falar só na corrupção cultural acaba nos indignando com o pequeno criminoso e poupando o macrocorrupto. Mesmo uma sociedade como a norte-americana, em que corromper o fiscal da prefeitura é bem mais raro, teve há pouco um governo cujo vice-presidente favoreceu, antieticamente, uma empresa de suas relações na ocupação do Iraque.
      A corrupção secreta e organizada não é privilégio de país pobre, "atrasado". Porém, se pensarmos que corrupção mata -porque desvia dinheiro de hospitais, de escolas, da segurança-, então a mais homicida é a corrupção estruturada. Precisamos evitar que a necessária indignação com as microcorrupções "culturais" nos leve a ignorar a grande corrupção. É mais difícil de descobrir. Mas é ela que mata mais gente.        
                                                                                                      
                                                                                                                 Folha de S. Paulo. 28/6/2009   RENATO JANINE RIBEIRO, 59, é professor titular de ética e filosofia política do Departamento de Filosofia da USP. É autor, entre outras obras, de "República" (coleção Folha Explica, Publifolha).

PRODUÇÕES DE ARTIGOS DE OPINIÃO


Polêmica: A descriminalização da maconha deve ocorrer no Brasil?

A FAVOR

Vício: uma questão de escolha

         A descriminalização da maconha é um fato que está gerando muita polêmica entre os brasileiros.
         Após a realização de pesquisas sobre o assunto, pode-se perceber que a descriminalização da droga ajudará a diminuir alguns problemas da sociedade, além de favorecer também no tratamento da saúde da população, levando-se em conta que ela é uma matéria-prima cheia de possibilidades terapêuticas.
         A Cannabis Sativa, nome científico da maconha, pode produzir remédios contra o glaucoma. a náusea decorrente da quimioterapia em tratamentos do câncer, além de possibilitar a fabricação de calmantes contra a insônia. O maior erro das pessoas em relação a esse assunto é o preconceito, pois só pensam no lado negativo da droga e esquecem, ou muitas vezes nem sabem, dos benefícios que a planta pode trazer.
         Além disso a proibição da maconha aumenta e muito a violência que se dá por conta do tráfico, pois quando a droga é proibida ela se torna muito mais cara gerando riqueza para quem vende, afinal isso faz com que se tenha mais recursos para subornar, comprar equipamentos e armas pesadas.
         Embora muitas pessoas digam que a liberação da maconha irá abrir caminho para a liberação de drogas mais pesadas, não é isso que vai acontecer, afinal um dos motivos pelo qual está sendo descriminalizada e que ela apresenta efeitos muito parecidos ou até mesmo menores do que algumas bebidas alcoólicas lícitas, ao contrário de outras drogas pesadas como a cocaína, o ecstasy, o oxi que têm efeitos mais fortes e podem levar à morte mais rápido.
         Portanto, é só pensar bem para ver que a descriminalização da maconha é muito positiva para o Brasil. Quem usa a maconha dificilmente para, mesmo que ela não seja descriminalizada, pois segundo pesquisas a liberação não aumenta nem reduz o consumo. O que se tem a fazer para que não haja dependentes é um boa educação dada pelos pais e também apoio do governo com a criação de casas de apoio para atendimentos dos que quiserem se livrar do vício.

Beatriz Cristina Gomes Dalpozo, aluna da 2ª série C da escola E.E.Orestes Ferreira de Toledo

CONTRA



Drogas: o mal da vida

            Descriminalizar ou não a maconha é assunto que vem gerando debates. A discussão sobre o tema, polêmica criada pelo deputado federal Paulo Teixeira, após declarar que o governo deveria regulamentar o plantio da maconha, vem causando controversas entre os cidadãos brasileiros.
            Levando-se em consideração essa polêmica procuro me posicionar contrário a ela, pois não vejo pontos positivos em tal ideia a ser posta em prática.
            Primeiramente, legalizar a maconha não quer dizer que seu tráfico vai desaparecer ou diminuir. Se isso acontecer e em qualquer lugar essa droga for vendida, o lucro dos traficantes será reduzido. E se estes já se matam sem a mesma estar legalizada, com essa decisão certamente a violência irá aumentar.
            Em segundo lugar, a maconha sendo uma droga que vicia, se for vendida sem qualquer tipo de fiscalização ou repreendimento, o número de usuários irá aumentar drasticamente. E por ser um mal que detrói famílias e prejudica a nossa sociedade, não consigo entender o porquê legalizá-la. Se essa ideia for aprovada só contribuirá para o aumento de adeptos que usarão a droga em qualquer lugar, a qualquer hora e sem nenhum tipo de receio.
            Embora várias pessoas possam pensar que se a maconha for liberada muitos irão usar e morrer, eles estarão sob o efeito da droga e nesse estado nada os impede de agredir pessoas inocentes que passam pela rua.
            Portanto, legalizar o uso de uma droga que todos sabem que só traz prejuízo às pessoas, é uma ideia totalmente equivocada, por isso em vez de liberar o seu uso devemos apoiar as autoridades que lutam contra o tráfico para retirar essa ”planta da noite” das ruas.

Renan Zucatto Santos, Aluno da 2ª série C da E.E. Orestes Ferreira de Toledo

COMENTÁRIO SOBRE O DEBATE ACONTECIDO NO CURSO DO DIA 03/09/2011


 
      Foi uma atividade motivadora e  descontraída que envolveu a participação de todos despertando a atenção e a argumentação. O debate é um bom momento para treinar a produção de textos opinativos, pois começa na oralidade o exercício da argumentação que será sistematizado posteriormente na escrita.

Artigos de Opinião como atividade permanente de leitura

Artigos de Opinião

 

      Para melhor compreender os textos a seguir, é importante que você leia as informações:

      Você sabe o que é "GPS"?
      Próximo ao Natal de 2004, acompanhado de grande campanha de vendas, foi lançado o telefone celular equipado com rastreadores que fornecem a localização do usuário. São aparelhos dotados de GPS (em inglês, "sistema global de posicionamento"), capazes de enviar sinais e captar os resultados por técnicas de localização. Como o apelo publicitário enfatizava o auxílio da tecnologia na localização dos filhos pelos pais, o lançamento desse produto gerou polêmica entre novos usuários especialistas em relacionamento entre pais e filhos. 

      Leia agora dois artigos de opinião sobre o assunto. Foram publicados no auge dessa polêmica, dezembro de 2004, no jornal Folha de S. Paulo, no caderno Cotidiano, que, como nome diz, trata dos assuntos do dia a dia da população em geral.
     
      Texto 1
      BIG BROTHER / A FAVOR

"Coleira" é necessária para alguns

                                                                                                                              Içami Tiba
      A questão do controle dos pais sobre os filhos sempre é controversa, mas é necessário deixar claro que o responsável pelos limites que os adultos estabelecem para a sua autonomia é o próprio adolescente.
      Quem vai dizer se tem de haver um controle ou não é a própria vida que o adolescente leva nesse processo de "segundo parto" _ porque a adolescência é o segundo parto para ganhar a autonomia comportamental.
      Teoricamente, esse jovem não precisa depender dos adultos para decidir o que fazer.
      Agora, uma vez que ele não se mostre competente para ditar os próprios rumos e, em vez de ir à escola, fica no bar da esquina, o controle é necessário.
      Nesse contexto, aparelhos rastreadores capazes de deixar os filhos localizáveis o tempo todo, que chamo de "coleira virtual", são bastante viáveis.
      Esses jovens que precisam de controle não tomam as medidas de proteção necessárias a acabam se expondo a todo tipo de perigo. Em vez de manter a família informada, simplesmente desaparecem. Os pais têm de impor limites: se largar o celular em qualquer lugar, então não merece sair.
      Nesse ponto, tem de ser um pouco mais radical, porque alguns adolescentes transcendem os limites, e os pais só vão saber na hora de tirá-los, na melhor das hipóteses, da delegacia. 
      Assim como há jovens que podem ir para a "balada" sem maiores preocupações, existem outros que precisam, sim, dessa "coleira virtual".

 Folha de S. Paulo, 12 dez. 2004, p.C3.


      Texto 2
      BIG BROTHER / CONTRA

Trocamos educação por tecnologia?

                                                                                       Rosely Sayão

      Estamos trocando a educação para a liberdade responsável e para a autonomia pelos recursos tecnológicos mais avançados, é isso? O caminho é sedutor porque bem mais simples e com custos bem menores. Os pais, preocupados com a segurança dos filhos __ ah, o que não temos feito em nome desse item! __, acabam consumindo, sem grandes reflexões, as ideias mais absurdas. Como essa, por exemplo, do controle da localização dos filhos pelo celular.
      Ora, ora! Quem diria que a geração pós-Segunda Guerra, que lutou pela democracia e pela liberdade, que bradou contra a tutela da família, chegasse a esse ponto com os próprios filhos? "Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais..."
      O controle é eficiente para acalmar as aflições dos pais. É eficiente, ainda, para provocar efeitos colaterais dos mais indesejáveis, e outros riscos. Vejamos.
      Em primeiro lugar, se tem quem controle o jovem, por que haveria ele de se responsabilizar pelo autocontrole? Mais fácil deixar para os pais essa tarefa difícil já que eles assim o desejam. Em segundo, tem a dificuldade da construção da privacidade. E sem privacidade, não há intimidade. E tem mais, ainda: se os pais não acreditam que o filho seja capaz de avaliar situações de risco, de se proteger, de caminhar com os próprias pernas, por que ele mesmo acreditaria?
      Pensando bem, é uma bobagem preocupar-se com isso. Os jovens sempre têm respostas inteligentes para propostas medíocres. Eles encontrarão um jeito de burlar o dispositivo. Não são eles os melhores no uso da tecnologia? 

Folha de S. Paulo, 12 dez. 2004, p. C3.
  

Artigo de opinião produzido na oficina 1

Ofensas diárias

      As constantes agressões ocorridas dentro de escolas demonstram a violência a que estão submetidos alunos e educadores devido a não-aceitação das diferenças.
      Pensamos que o bullying é o causador dos distúrbios emocionais e traumas que levam crianças, adolescentes e jovens ao insucesso educacional, a atos agressivos, a doenças como depressão e síndrome do pânico, e até ao suicídio.
      Casos recentes vêm sendo mostrados pela mídia como o do menino Marco Antonio, de nove anos, da escola Estadual de uma cidade próxima à região de Ribeirão Preto. A gagueira foi o motivo da agressão do garoto por um grupo de crianças da mesma escola. Isso demonstra a falta de socialização tanto dos agressores quanto do agredido, já que ambos não conseguem ter um bom relacionamento.
      As ofensas verbais contra gordos, negros, deficientes, homossexuais, etc. são tão corriqueiras e evoluem de tal forma que chegam às agressões físicas culminando em sequelas permanentes e até mesmo em homicídios.
      Portanto, a unidade escolar precisa estar preparada para combater esse tipo de violência que adentrou os muros da escola. Os pais e professores precisam estar atentos ao comportamento dos alunos e orientar para que não haja a passividade excessiva nem o espírito de liderança negativa.

Grupo de professores de Língua Portuguesa:
Elisabete Roncador Camuri
Isabel Cristina Alves de Toledo Rodrigues
Maria Regina Venturini de Souza

Charge sobre "bullying"




Notícia sobre "bullying"


Escola expulsa 11 alunos por bullying em Votorantim-SP

16 de maio de 2011 | 20h 54

JOSÉ MARIA TOMAZELA - Agência Estado

      A direção da Escola Estadual Prof. Daniel Verano, de Votorantim, a 102 quilômetros de São Paulo, decidiu punir com a expulsão 11 alunos acusados de prática de bullying. Os adolescentes, com idades entre 14 e 16 anos, são acusados de terem agredido e humilhado alunos da 6ª série do ensino fundamental, na faixa etária de 11 anos. As agressões teriam ocorrido no último dia 5, mas a punição foi confirmada hoje. Na sexta-feira, pais dos alunos agredidos foram à escola para pressionar a direção a tomar providências. 
     De acordo com informações dos pais, os acusados cercaram as crianças durante o recreio. Meninos e meninas foram agredidos a socos e pontapés. Um dos agressores chegou a empunhar uma faca. Uma professora que tentou intervir foi agredida com uma pedrada. A ação dos adolescentes contra os alunos da outra série teria sido combinada pela internet.
      Cinco estudantes identificados como agressores já foram transferidos. Os outros estão suspensos e aguardam a confirmação de vaga em outra escola. Os pais de um aluno que já tinha sido expulso de outro estabelecimento decidiram que ele não voltará a estudar. O caso será encaminhado para o Conselho Tutelar.
      A Diretoria Regional de Ensino de Votorantim informou que a decisão de transferir os onze estudantes envolvidos no incidente partiu do Conselho Escolar, formado por professores, funcionários da unidade, pais e representantes do corpo estudantil, em reunião que contou com a presença dos responsáveis por todos os envolvidos. A resolução se baseou no histórico dos estudantes e na gravidade do caso.

Fonte: Jornal ESTADÃO, 16 de maio de 2011.